quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Gari no cavaco, passista na voz, D. João no sax: o Rio nos figurinos da Banda Fundição

Foto de Fernando Correa
Vanessa Machado
A funkeira, a passista, o MC, a popozuda, o surfista, a colegial, o gari, a porta-bandeira...

No baile do próximo domingo (18/1), quando se definem as três marchinhas finalistas que disputarão o troféu Cidade Maravilhosa, toda a fauna de tipos cariocas estará representada no palco São Sebastião da Fundição Progresso. Tipos bem diversos e heterogêneos que serão literalmente vestidos pelos 16 integrantes da Banda Fundição, cada um com uma fantasia feita sob medida pela figurinista Vanessa Machado – que desde 2010 põe sua criatividade a serviço do Concurso Nacional de Marchinhas Carnavalescas da Fundição Progresso.

Colagem de Vanessa Machado
Painel: as popozudas que inspiram a
figurinista do Concurso de Marchinhas
“Sentar em frente à máquina e fazer esses figurinos é um trabalho que eu adoro e tem tudo a ver comigo”, diz Vanessa, que nesse ano iniciou os trabalhos num almoço com a produtora do evento, sua xará Vanessa Damasco. “Ela me propôs um levantamento dos personagens da cidade: o que é realmente a cara do Rio de Janeiro? Fomos eliminando aqui e ali, até que chegamos a essa mistura, que é a cara da cidade.”

Como nos anos anteriores, o passo seguinte foi uma extensa pesquisa de imagens sobre cada um dos personagens, para que todos os detalhes fossem aproveitados na produção das fantasias. “Sempre vasculho a internet, revistas e jornais atrás de fotos que tragam elementos para a minha criação e aí faço um painel de imagens para cada personagem”, descreve a figurinista, que conta com o apoio fundamental da assistente de figurino Laura Santos. “Depois, vou ao Centro da cidade pesquisar tecidos e materiais. À medida que encontro, vou grampeando em cada um dos croquis.”

Arte de Vanessa Machado
Croqui: Carlota Joaquina
Nas caminhadas de Vanessa e Laura pelo Saara ou dentro do ateliê, cada fantasia vai ganhando identidade própria. “A funkeira, a popozuda e a gata fitness, por exemplo, têm traços específicos que fazem delas tipos bem diferentes, embora sejam parecidas à primeira vista”, explica a figurinista. “A funkeira tem aquela onda de misturar roupa esportiva com roupa de perua e às vezes com bolsa de grife caríssima. A gata fitness posa para si mesma, sempre fazendo selfie. E a popozuda tem aquela bunda que é praticamente uma entidade independente.”

Além das três gatas saradas, a Banda Fundição será formada no domingo por um trio malandros, um vendedor de mate, um casal de mestre-sala e porta-bandeira, um surfista e, diretamente de 1808, o casal real Carlota Joaquina e D. João VI – que, aliás, como bom monarca, será vestido pelo diretor musical da Banda, o saxofonista e flautista Marcelo Bernardes.

“É fundamental entregar para o integrante da Banda Fundição um personagem que combine com ele. Já sei, por exemplo, os músicos com quem não posso contar para colocar figurinos femininos, quem é que encara qualquer parada e quem topa se vestir um pouco mais avacalhado, dentro do espírito do carnaval”, conta Vanessa, que é carioca e tem 40 anos de idade. “No fim das contas, o que eu quero é que o músico entre naquele personagem e fique à vontade para se divertir no palco. A fantasia não funciona se isso não acontecer.”

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